sábado, 23 de janeiro de 2010

Aquela meia hora,

Mesmo sem um porquê, sem ter algo útil ou interessante para ser dito, a sensação de jogar as idéias no papel, colocá-las para fora, o despressurizava. Para ele, ler o fazia ver as coisas com a mais clareza e um pouco da imparcialidade de alguém de fora, o que o ajudava a encontrar soluções e possibilidades que ele nao havia visto antes. O melhor de tudo era terminar, olhar a folha cheia de rabiscos e lê-la. Muitas vezes se surpreendia com o que tinha feito, as vezes muito bom, outras, muito ruim. E então ele corrigia o que conseguia.
Muitas vezes, não escondia suficientemente bem - morria de vergonha - o que tinha escrito e algum xereta lia. E gostava. Nada - N-A-D-A - o deixava tao embaraçado quanto os elogios que recebia. Não é nada: so ideias jogadas, palavras combinadas. Não era nada difícil, por que todos se impressionavam tanto? Por que todos insistiam em elogiar, querer mostrar para outras pessoas, sempre com aquele 'olha isso que ele fez!'?
Não fazia por querer! Sempre, das onze e meia até a meia-noite, mantinha papel e caneta por perto: era o horário que a inspiração lhe visitava. A idéia vnha do nada e, num impulso, quase sem pensar, escrevia-a. Não se dava o trabalho de parar no meio e ver como estava o texto: as palavras fluíam rapidamente e ele corria para acompanhá-las no papel. A letra nem sempre era legível, mas o resultado era muito bom. Acreditava que todos tinham um dom, mas não enxergava o seu: o dom da escrita.

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